A Sala das Rosas é constituída no presente ano lectivo por um grupo de quinze crianças, sendo quatro do sexo feminino e onze do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 24 e 35 meses, (ver Gráficos 1 e 2). Estas informações foram recolhidas através das fichas de inscrição das crianças, facultadas pelo educador cooperante.




Grafico 1 - Número de crianças por sexo.


Gráfico 2 - Percentagem do número de crianças por sexo.

        Grande parte destas crianças bem como as suas famílias residem no Funchal, Freguesia de São Martinho (14 famílias), existindo apenas uma criança que reside no conselho de Santa Cruz.

         Através da nossa observação ao longo das visitas que realizamos à Sala das Rosas, constatamos que no geral as crianças possuem um aspecto uniforme no que diz respeito a cuidados de higiene, vestuário, etc.

Caracterização das Crianças Segundo Piaget / Gesell

   Segundo Piaget, durante o estádio sensório-motor (aproximadamente durante os dois primeiros anos de vida), os bebés aprendem acerca de si próprios e do mundo através da sua actividade sensorial e motora em desenvolvimento”(Papalia, Diane E. et al., 2001, p.198).
       Piaget determina que uma criança entre os 2 e 3 anos já encontra-se no estádio Pré-Operatório (dos 2 aos 7anos). Neste estádio a criança representa objectos ou acções por símbolos através da imagem mental, da linguagem, do desenho e do jogo simbólico.

       A característica principal deste estádio é o egocentrismo definido como um entendimento pessoal de que o mundo foi criado para a própria criança e pela incapacidade de compreender as relações entre as coisas e outros pontos de vista.
       Segundo Piaget todas as crianças começam no primeiro estádio para chegar ao último, quer isto dizer que terão de passar por todos os estádios, o que não significa que todas o façam ao mesmo tempo, pois cada criança tem o seu próprio ritmo e precisa de ser respeitada no tempo que leva a processar e a adapta-se a toda a esta mudança.
        Após os 2 anos a “capacidade de armazenamento de imagens (palavras e estruturas gramaticais da língua, por exemplo) aumenta tremendamente. O desenvolvimento do vocabulário, incluindo a capacidade de compreender e usar palavras, é especialmente notável” (Sprinthall & Sprinthall, 1993, p.106).
        Durante este estádio, consequentemente dão-se importantes progressos. Uma “vez que é o período em que as crianças estão mais abertas à aprendizagem da língua…” (Sprinthall & Sprinthall, 1993, p.106). Claro que quanto “mais rico for o meio verbal durante este período, mais provável será que a linguagem se desenvolva” (Sprinthall & Sprinthall, 1993, p.106).

        As estruturas mentais no estádio pré-operatório são amplamente intuitivas, livres e altamente imaginativas.
        Se um “grupo de pais fizesse uma votação secreta para determinar qual a idade mais arreliadora do período pré-escolar, é muito provável que essa honra coubesse à criança de 2 anos e meio, mercê da reputação que ela tem de passar dum extremo para o extremo oposto” (Gesell, 2000, p.167). Ainda segundo Gesell (2000) a idade dos 2 anos e meio “é uma idade de desequilíbrio acentuado. A criança desta idade tende a ser rígida e inflexível – quer precisamente aquilo que quer e quando ela o quer”.

       A criança de 2 anos e meio acha-se num período de transição. O comportamento dos 2 anos e meio “inclui extremos de timidez e retraimento, por um lado, e de aproximação e agressividade, por outro. A criança reage consoante as exigências da situação” (Gesell, 2000, p.179).
       As crianças de 2 anos e meio “brincam muito pouco em cooperação, e predominam as relações iniciadas por ela própria, dado que a criança é ainda extremamente egocêntrica. As suas relações interpessoais com as outras crianças consistem principalmente em tirar-lhes objectos ou em defender delas a posse de qualquer objecto que esteja a utilizar, que tenha utilizado ou que possa vir a utilizar” (Gesell, 2000, p. 296).
        Segundo Gesell, nesta idade, “as crianças podem carecer duma orientação adulta para as suas brincadeiras. Não estão ainda, muitas vezes, suficientemente amadurecidas para serem capazes de por em prática sem ajuda as suas ideias…” (Gesell, 2000, p. 299).



Caracterização das Crianças a partir da Nossa Observação

        O grupo de crianças da “Sala das Rosas” encontra-se, segundo Piaget, no estádio Pré-Operatório, que descreve o grupo de crianças que se encontram numa idade pré-escolar (dos 2 aos 7 anos).
        Através da nossa observação constatámos que muitas crianças da sala ainda não conseguem exprimir-se claramente através da linguagem, têm ainda dificuldades na dicção e articulação das palavras.
        Verificamos que as crianças sabem no geral identificar o seu nome e da maior parte dos seus colegas, sabem dizer a sua idade, identificar a maioria dos objectos pelo nome próprio.
        Constatamos que as crianças possuem personalidades muito distintas. Algumas delas são muito tímidas, calmas e outras pelo contrário são muito espontâneas e inquietas, e desde o primeiro dia que entramos em contacto, já queriam brincar connosco. São no geral, curiosas, participativas, gostam de realizar diversas actividades.
        Quanto ao desenvolvimento sócio-afectivo, a nível das interacções entre adulto/criança verificamos que mantêm uma boa relação. A nível da interacção entre pares observamos que as crianças brincam pouco em conjunto, preferem as brincadeiras com objectos, gostam muito de andar de triciclo e de trepar para o escorrega, se bem que algumas delas ainda precisem de alguma ajuda e vigilância constante.
        A nível motor pudemos verificar que o grupo já domina as noções espaciais e tem consciência do seu corpo, já andam e correm quase sem restrições.





Bibliografia

Gesell, Arnold (2000). A criança dos 0 aos 5 anos. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Papalia, D. Olds, S. & Feldman, R. (2001). O mundo da criança. Lisboa: McGrow-Hill.

Kamii, Constance (1996). A teoria de Piaget e a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Instituto Piaget.

Sprinthall, Norman A. & Sprinthall, Richard C. (1993). Psicologia Educacional. Uma Abordagem Desenvolvimentista. Lisboa: Mc Graw Hill.



Agradecimentos

Agradecemos a todos os que colaboraram para que esta publicação se tornasse possível, nomeadamente à professora Guida Mendes, ao educador Ricardo Jorge, à directora da Instituição, e claro às crianças, pois afinal foram elas as principais protagonistas desta publicação.

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